Felipe Martins
Do UOL, no Rio de Janeiro
Os professores da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) decidiram nesta
terça-feira (5) entrar em greve. Os docentes pedem 22% de aumento imediato, a
adoção do regime de trabalho chamado dedicação exclusiva e uma política de
recomposição das perdas inflacionárias ocorridas nos últimos 11 anos.
A greve atinge os cerca de 30 mil alunos da instituição, que ficarão sem aulas a
partir da próxima segunda-feira (11). Aproximadamente 500 pessoas, entre
professores e estudantes, participaram da assembleia, que se estendeu por mais
de duas horas. Do número total de votantes, houve apenas um voto contrário à
greve e quatro abstenções. A maior demora na decisão se deu devido à discussão
se a greve deveria começar na próxima semana ou no segundo semestre. Segundo a
Asduerj (Associação de Docentes da Uerj), a vitória foi de 60% para os que
preferiram a greve para logo contra 40% dos que preferiam aguardar o próximo
semestre. A instituição conta com mais de três mil docentes.
De acordo com o presidente da Asduerj, Guilherme Mota, o reajuste pleiteado é o
primeiro passo para a recuperação de uma defasagem salarial de 60% acumulada
desde 2001. “São 11 anos sem reajuste salarial. O nosso pleito é justo. A gente
precisa de um plano de recomposição salarial”, disse.
Os docentes defendem ainda a adoção do regime de dedicação exclusiva, que
estabelece um valor a ser acrescido ao salário. De acordo com Guilherme Mota, a
Uerj “é a última das grandes universidades do país a não adotar.
Em assembleia no dia 31 de maio, os docentes haviam decidido aguardar o segundo
semestre para deflagrar a greve, mas uma decisão do governo do estado adiantou a
paralisação. A Procuradoria Geral do Estado foi ao Supremo Tribunal Federal
pedindo a inconstitucionalidade de uma política de premiações acrescidas aos
salários.
Os problemas estruturais da universidade também são fonte de reclamações dos
docentes. Segundo eles, a improvisação tem sido a forma encontrada para driblar
a falta de espaço, fruto da expansão dos cursos de graduação. “Houve o
crescimento da universidade, dos cursos oferecidos, mas o espaço físico
permaneceu o mesmo. A Uerj recebe do governo do estado um valor de custeio
insuficiente. Chegou ao ponto que os professores retiram os itens de um banheiro
e transformaram em sala de professor para suprir essa deficiência de espaço”,
contou o presidente da Asduerj.
A Uerj é a quinta universidade pública a entrar em greve no estado do Rio de
janeiro. Em
todo o país, são pelo menos 47 federais paralisadas.
Procurada pela reportagem do UOL, a reitoria da Uerj não comentou as
reivindicações dos professores. Já a Secretaria estadual de Ciência e Tecnologia
informou que nenhuma das reivindicações dos docentes foi informada ao órgão.
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